Partilhar táxi com estranhos

Na Guiné Equatorial, o táxi é um transporte "comunitário" e domina as ruas de Malabo.

De certeza que já partilhou um táxi com amigos ou talvez com vizinhos. E com estranhos? Nunca?  Se algum dia for a Malabo, capital da Guiné Equatorial, e apanhar um táxi, não se assuste se de repente o motorista parar e entrar mais alguém.
Por aqui o taxi é algo "comunitário". De velhos a novos, de todas as marcas, com ou sem pinturas personalizadas, há até alguns que oferecem ar condicionado, um luxo numa cidade quente e húmida e onde o calor parece querer "secar-nos" sempre que vamos à rua.
Na verdade, táxis é o que mais deve haver nesta cidade. Os preços dependem d do percurso mas também da vontade do motorista. Do aeroporto até ao centro da cidade são três mil francos CFA, qualquer coisa como 4,6 euros. Na maior parte dos percuros, os taxistas cobram 500 francos (1 euro são 650 francos CFA), a tarifa mínima. À noite, os preços são a duplicar.
Se for o primeiro a entrar no táxi, então o primeiro destino será o seu. Se for o último, tem de esperar que o motorista "entregue" todos ao "domicílio", pela ordem de chegada ou então pela proximidade do seu destino.
São eles também que "entopem"  as principais vias da cidade, principalmente ao final da tarde. Os semáforos e sinais de trânsito nem sempre são respeitados. Passa quem chegar primeiro, quem primeiro "meter o nariz à frente". O resto resolve-se com buzinadelas, gritos e alguns insultos. Sem radares e sem polícia de trânsito, é o salve-se quem puder.
Mas no meio de um aparente caos, há alguma organização. Há respeito mútuo. Quem está ao volante, conhece o meio e por isso conduz com muitas cautelas.
Quase ninguém fala francês ou inglês. Alguns arranham o espanhol, tal como eu. Falam a língua local, uma mistura de espanhol com as línguas nativas.
Se tiver sorte, vai sozinho. Caso contrário, terá de partilhar o taxi com mais três ou quatro pessoas. Se for ao meio-dia e com o calor que faz aqui, reze para não apanhar trânsito...