O táxi como negócio - Taxista Empreendedor

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Car-sharing: no Porto, a moda ainda não pegou

O aluguer de carros à hora chegou ao Porto há um ano. Dizem que é uma boa alternativa ao táxi e um concorrente à altura do aluguer "normal". Mas, num país onde ter carro ainda é uma questão de estatuto, a moda custa a pegar.

A tradução literal não explica tudo, mas dá uma ajuda: chamam-lhe "car-sharing", que é como quem diz "partilha de carro", e é um serviço de aluguer de automóveis à hora. O conceito apoia-se na teoria de que um carro por pessoa é uma equação que não só não é ambientalmente sustentável como não é economicamente rentável. Esta é, em traços gerais, a ideia por detrás do serviço "citizencar-sharing" que a Transdev lançou há um ano no Porto.

A lógica de funcionamento é simples. Há 20 viaturas espalhadas por dez pontos na cidade e, para as utilizar, só é preciso, depois de uma inscrição prévia onde é fornecido um cartão ao cliente, fazer uma reserva (uma hora de antecedência chega), encontrar um ponto de estacionamento, abrir o carro com o cartão e começar a usar. Só se paga aquilo que se anda (fracções de uma hora) e o carro pode ser devolvido em qualquer uma das estações da cidade, estrategicamente colocadas em locais de interface com transportes públicos.

É aparentemente um serviço com trunfos para dar certo, mas ainda longe de ser uma "moda" na cidade. A Transdev angariou até agora cerca de 100 membros aderentes (60 por cento individuais e 40 por cento empresas) e fala de um balanço "positivo", mas não se pode dizer que as expectativas têm sido cumpridas. De 20 viaturas, a Transdev queria passar "rapidamente para as 40", "estender [o serviço] a outras cidades próximas" e ainda introduzir na frota "duas ou três viaturas eléctricas", dizia o director de inovação da empresa na Península Ibérica, Jorge Azevedo, no lançamento do serviço em Fevereiro de 2010.

A única alteração aconteceu nos tarifários praticados, com a introdução de uma modalidade de utilização sem assinatura mensal. O Liberty elimina o pagamento de 12 euros por mês exigido no tarifário Mobility, em troca de um ligeiro aumento do preço pago por quilómetro (mais quatro cêntimos). A marca francesa disponibiliza 15 Smart Fortwo e cinco Mercedes Classe A. Das 8 às 22 horas, o preço por hora é de 2,49 euros (Smart) e 3,49 euros (Classe A); entre as 22 e as 8 horas, os preços descem para os 0,99 euros (Smart) e 1,99 euros (Classe A).

A publicidade estampada nos Smart brancos da Transdev não passou ao lado de Hugo Martins. "Fui logo ao site ver o que era", lembra. Foi assim que se tornou o primeiro passageiro de car-sharing no Porto: "Percebi que era um modelo importado de outros países, com muito potencial." E explica: "Consigo ter um veículo perto de casa sempre disponível e posso perfeitamente conjugar isso com os transportes públicos."

Jorge Azevedo descreve o car-sharing como um serviço de resposta ao last mile, coisa que os transportes públicos são incapazes de fazer e que o táxi faz de forma "mais cara": "Os táxis não gostam do nosso serviço. Estamos a roubar-lhes clientes. A eles e ao rent-a-car."

No "combate" à utilização do carro privado, a mensagem da Transdev dirige-se aos utilizadores que façam uma utilização "até dez mil quilómetros por ano" e às famílias com mais do que um carro: "A maior parte das pessoas não está disponivel para prescindir do carro, mas pode abrir mão do segundo ou do terceiro veículo." É uma questão de pegar na máquina calculadora e fazer umas contas, diz o director de inovação da empresa. Conclusão previsível? "Muitas vezes, ter carro próprio não é rentável, porque ele passa demasiado tempo desligado no parque de estacionamento."

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