O táxi como negócio - Taxista Empreendedor

terça-feira, 26 de julho de 2011

Motoristas pedem protecção a S. Cristovão - Braga

No dia de S. Cristóvão, que se celebrou ontem, os motoristas, sobretudo de táxi, pediram protecção ao padroeiro para as viagens de todos os dias. A capela de S. João da Ponte acolheu os motoristas da praça bracarense que não perderam, mais uma vez, a oportunidade para venerar o seu padroeiro.

A missa é celebrada, de uma forma mais ou menos organizada, desde os anos 50 e é pedida pelo Sindicato dos Transportes Rodoviários do distrito que já fez disso uma tradição. O representante daquele sindicato, Joaquim Ferreira, admitiu que este momento é vivido com alguma intensidade e emoção por todos os motoristas. “Vimos cá para receber a bênção para S. Cristóvão nos ajudar a desempenhar a nossa função”, admitiu Joaquim Ferreira, adiantando que “esta é uma forma dos motoristas pedirem uma vida melhor e que não tenham problemas”.

Na cerimónia marcaram presença mais de 20 viaturas de táxi, mas os motoristas eram bem mais. “Aparecem sempre mais taxistas, os motoristas têm sempre os horários mais complicados”, justificou.

Já durante a homilia, o padre José da Mota lembrou que “tal como o S. Cristovão transportou Jesus de uma margem do rio para a outra, vocês transportam pessoas”. Por isso, os motoristas de táxi, porque transportam todos os dias a vida de outras pessoas, pedem protecção ao padroeiro. “S. Cristóvão que vos proteja no vosso trabalho, onde tudo pode acontecer”, atirou, ainda, o pároco, que de manhã bem cedo celebrou a missa, evocando também o apóstolo S. Tiago, que ontem teve o seu dia litúrgico.

Aproveitando para transmitir alguns pensamentos importantes, o padre deixou o pedido: “tenham devoção pelo vosso padroeiro para que a vossa missão seja feita com segurança e tranquilidade”.

A vida, partindo do exemplo de Jesus na terra, só tem sentido com serviço. “A dignidade da vossa missão e a responsabilidade de levar as pessoas, todos aqueles que transportam pessoas são com o aqueles que transportam Cristo”, evidenciou.

No final da cerimónia, realizou-se, ainda, como sempre a bênção das viaturas e o padre desejou “bons dias de trabalho, que não é fácil”. E alertou: “conduzam com precaução, percorram o vosso caminho com precaução e cuidado”.

Um dos taxistas presentes na cerimónia foi João Rodrigues. A trabalhar na ‘arte’ já lá vão 30 anos, o taxista tem um livro de histórias para contar. Umas boas, outras menos boas. “Venho sempre a esta cerimónia pelo convívio que temos aqui com os outros colegas”, justificou.

Sobre a crise, João Rodrigues referiu que os taxistas não são “os que mais se queixam”, assegurando que “se sente sempre um pouco, mas já se passaram por muitas crises”.
Em relação às questões de segurança, o taxista admitiu que “o vidro é muito incómodo”. E justificou: “vivemos no carro e o espaço acaba por ser muito curto e é muito difícil até para os clientes”.

A experiência, acrescentou aquele taxista, “vai dando para equilibrar um pouco os perigos”, salientando que “às vezes pela conversa e os locais para onde se é chamado dá para perceber que não vem boa coisa”.

Também António Lima, que é taxista há 13 anos, também não faltou à eucaristia e bênção das viaturas. “Há mais coisas boas que coisas más” na profissão que aprendeu com o pai. “É preciso trabalhar, mas também sou taxista porque gosto”, confidenciou.

Ao longo destes anos já viveu um pouco de tudo. “As pessoas desabafam e acabamos por ser confidentes. Uns doentes, outros mais pobres e até juízes. Todos acabam por contar um pouco da vida e dos problemas”. E atirou: “esta profissão é mesmo uma escola de vida”.
Quanto aos perigos, António admitiu que, por enquanto, ainda não teve “nada de mais”. Quanto ao colocar o vidro na viatura, António também não é a favor.

Sobre a crise, o taxista, confirmou que “o trabalho está baixo, mas isso acontece um pouco em todo o lado e, por vezes, as pessoas é que fazem a crise”.
José Lima, pai de António, já anda nesta profissão há mais de 40 anos. Já trabalhou muitos anos durante a noite, hoje trabalha das cinco até às oito da manhã e o filho trabalha durante o dia. “Tenho histórias boas e outras mais complicadas. Encontrámos boa e má clientela”, frisou.

Apesar da experiência e da sorte que foi tendo ao longo da vida, José foi assaltado há dois anos. “Não foi fácil. Quando se prevê, tentamos logo pôr de par- te, mas daquela vez nada fazia prever o que ia acontecer. Só senti perigo na hora e já não tinha hipótese, ele levou dinheiro e o carro”, desabafou o taxista, confessando que esteve mais de um ano sem trabalhar, tendo sido acompanhado por médicos.

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