"Ia entregar a droga e receber 800 euros para fazer um favor a um amigo que está no Brasil. 500 euros eram para mim". A confissão do primeiro-sargento da GNR, Manuel C., acusado de tráfico de cocaína, surpreendeu quem estava na sala de audiências do tribunal de Loulé, que ontem começou a julgar três pessoas suspeitas de envolvimento num esquema de tráfico e consumo.
Um dos arguidos é Nuno C., um taxista residente em Lisboa. Deslocava-se várias vezes ao Algarve para comprar cocaína a um homem - que entrentanto terá fugido para o Brasil e não foi localizado pelas autoridades - e depois vendia-a a Luis Evaristo, um conhecido empresário da noite e principal testemunha da acusação.
"Avisava-me que vinha para cá e pedia-me para lhe comprar a droga para consumir", disse Nuno Castro ao Tribunal, negando no entanto "fazer disso vida. Eram apenas uns favores que lhe fazia porque ele é uma pessoa mediática e para ver se me arranjava trabalho no Verão", justificou. "Ligava-me constantemente. Às vezes era a noite toda. Além da droga, pedia-me para arranjar-lhe umas "gajas", acrescentou.
Este "novelo" foi desfiado pela Polícia Judiciária (PJ) do Sul, que começou por investigar um homem, da zona de Loulé, suspeito de tráfico de cocaína. Desconfiando de um carro que o seguia, o indivíduo contactou o primeiro-sargento Manuel C., seu ex-cunhado e amigo, que o informou que a viatura pertencia à PJ. Nessa altura, o suspeito decide fugir para o Brasil - é casado com uma brasileira - e entrega a droga ao militar.
"Antes da partida, apresentou-me o cunhado e disse-me para contactá-lo quando precisasse de alguma coisa. Nesse encontro combinámos os "códigos" a utilizar nas conversas ao telemóvel", afirmou Nuno C. ao colectivo de juízes. No dia 31 de Março, quando os dois arguidos se íam encontrar, a PJ deteve o GNR, que transportava droga no carro.
Sem comentários:
Enviar um comentário